TRÊS PERGUNTINHAS BÁSICAS SOBRE A QUEDA DO VOO MH17, AVIÃO DA AIRLINE MALAYSIA, COMEÇARIA A CLAREAR A GUERRA DE INFORMAÇÃO, A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO E OS INTERESSES OBSCUROS.

Resumo: Não pretendo “resolver” o mistério sobre a queda do avião da Malásia em território Ucraniano. Ou sequer impor uma tese como verdade. Ao contrário, vou levantar alguns aspectos que considero importantes no contexto da narrativa de como o caso é noticiado/informado atualmente pela mídia, para  criticá-lo, especialmente por meio de perguntas tão básicas para um completo leigo (como eu) na área da aviação e acidentes aéreos e que não vejo (ou encontro) na boca da grande imprensa corporativa.






TRÊS PERGUNTINHAS BÁSICAS SOBRE A QUEDA DO VOO MH17, AVIÃO DA AIRLINE MALAYSIA, COMEÇARIA A CLAREAR A GUERRA DE INFORMAÇÃO, A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO E OS INTERESSES OBSCUROS.

Aos companheiros Hércules e Gabrielle Araújo, pela discordância das idéias.


        Não pretendo “resolver” o mistério sobre a queda do avião da Malásia em território Ucraniano. Ou sequer impor uma tese como verdade. Ao contrário, vou levantar alguns aspectos que considero importantes no contexto da narrativa de como o caso é noticiado/informado atualmente pela mídia, para  criticá-lo, especialmente por meio de perguntas tão básicas para um completo leigo (como eu) na área da aviação e acidentes aéreos e que não vejo (ou encontro) na boca da grande imprensa coorporativa.
        Começo com alguns pressupostos que adoto para melhor compreensão do meu ponto de vista:
        Primeiro – simplesmente não há como contornar o fato de que o governo do EUA estão batendo o tambor da guerra. Exemplifico, entre outros locais, na Síria, na Ucrânia, na Palestina, na Ilha Senkaku ou na floresta Colombiana (visando a Venezuela).
        Um dos pilares desse pressuposto (a história é clarividente nisso), decorre do vazamento do Memorando de Downing Street, que é uma das provas concretas dentro do Reino Unido e EUA, que expõe a verdade sobre como e porque a guerra do Iraque começou, além do gasto de US$ 200 milhões em 50 estórias para serem plantadas na imprensa, por meio da organização chamada Iraque grupo USA. 
        Segundo Nesta crítica, ressalvo ao máximo o “uso de evidências disponíveis na internet e mídia”, a menos que a origem seja absolutamente confiável, o que para todos os efeitos práticos significa quase nulo. Explico: quando se vê uma chamada sob o título "evidência da web" apontam para rebeldes pró – Rússia na derrubada de avião da Malásia, lamento, mas vou as gargalhadas, afinal a expressão “evidências da web” é uma contradição em termos. Por quê? Porque as agências de inteligência semeiam a internet com informações falsas, o que inclui facebook, google, youtube, tweets...
        Terceiro Todos os serviços de inteligência já sabem o que aconteceu. Apenas o público está no escuro. Então a nossa imprensa, porta – voz do império, continua “livre”, “especulando” e “uivando”. Explico novamente: O local da guerra entre governo e separatistas é a Ucrânia, de modo que considero que de um lado dessa nova fronteira existem radares civis, militares (de longo alcance), em solo ou aéreo, estações de rádio e interceptações de sinais, que captam e monitoram desde focos de incêndios até avançada vigilância, de maneira que a visão de radar é quase tão bom quanto ele pode chegar. Por sua vez,  tratando-se do Tio Sam e seus asseclas da União Europeia, eles mantém uma vigilância sobre o território russo, pelo menos para os Urais, possivelmente, até mesmo do outro lado (embora eu não possa ter essa certeza).
        Formulado o pressuposto, aqui estão as 3 perguntinhas:
1) Quem tinha o motivo para derrubar o avião?
2) Foi o avião desviado de seu curso de voo? Se sim, por quem e por quê?
3) Se o avião foi derrubado por um míssil, em caso afirmativo, como isso poderia ter ocorrido?
        (1) Quem tinha motivo para derrubar o avião da Malásia?
        É a pergunta básica que minha leitura de Agatha Christie serve como o máximo da minha experiência sobre investigação. Bem, aqui, pelo menos a resposta é clara: só Kiev poderia ter se beneficiado da tragédia. Para os russos e os rebeldes isso seria algo inepto. Ora, apenas quando os rebeldes pró Rússia estavam, sem ajuda ostensiva de Moscou, vencendo e a Rússia estava gradualmente sendo bem sucedida em denunciar os custos humanos da política assassina de Kiev, de repente todo o Planeta se volta para a queda do avião e morte de centenas de pessoas. E o mais interessante, a mídia corporativa culpa de todo modo os rebeldes e, via oblíqua, Moscou. Ou seja, as denúncias de violação de direitos humanos contra os fascistas que tomaram Kiev não serão mais noticiadas (como estavam a começar a ser) e eles têm a desculpa de ouro: podem pedir proteção contra o seu vizinho ameaçador e agressivo.
        E aqui uso a própria mídia corporativa. Notícia da BBC (i): “a reação da mídia ucraniana para o desastre é quase unânime em um ponto feito à força por vários jornais, incluindo o diário popular Segdnya. Ele diz que o acidente tornou-se um ponto de viragem no conflito armado entre as forças do governo ucraniano e os separatistas pró-russos e que a guerra não é mais um conflito local”.
        Ou seja, isso é um ponto de vista interessante. Se o conflito não é mais local, então que tipo de conflito ele é? Só faltam alguns dias para outra ação e assim se “justificar” e “legitimar” a entrada da OTAN no conflito (diante da agressão a holandesses)?
        Então, posso formular as seguintes hipóteses sobre quem derrubou o avião:
a) um ataque Russo deliberado ou equivocado (hipótese improvável);
b) um ataque Ucraniano equivocado (hipótese improvável);
c) um ataque Ucraniano deliberado (hipótese mais provável);
d) um ataque dos Rebeldes equivocado (hipótese possível, mas improvável);
e) um ataque dos Rebeldes deliberado (hipótese improvável).
        (2) O avião foi desviado de seu curso de voo? Se sim, por quem e por quê?
        Acatar a hipótese de que o avião foi desviado do seu plano de voo e entrou em zona de guerra é dizer que a aeronave foi enviada para a condenação.
        A alteração de um plano de voo ocorre de 2 formas, inclusive em conjunto entre si. Há a dimensão do comando para a direita ou esquerda (dentro da zona, ou corredor/pista, que estava voando), e para cima e para baixo (em alcance de míssil).
        Portanto, algo simples seria comparar o plano de voo da aeronave e os comandos dados pela Torre de Comando que o avião estava jurisdicizado.
        Aqui é interessante alguns dados da própria mídia corporativa, que busco submeter à crítica.
        Do jornal britânico Guardian (ii): “Nico Voorbach, um piloto que voou a mesma viagem no início do mês pela KLM (empresa de aviação holandesa) e que é o presidente da Associação Européia de Pessoal de Navegação Aérea (sindicato), disse que o mau tempo pode ter sido a razão pelo qual o voo MH17 se viu na mira de um lançador de míssil superfície-ar. O avião foi abatido na região separatista de Donetsk. (...) Voorbach disse ‘ouvi que eles estavam desviando de um temporal/furacão. Eu acho que havia nuvens carregadas. Você poderia perguntar ao Controle de Trafégo Aéreo para desviar para direita ou esquerda, mantendo a altitude, que ele iria dar permissão’.”.
        O mais interessante vem agora, a mesma reportagem diz: “Também emergiu que o voo MH17 tinha inicialmente apresentado um plano de voo pedindo para voar a 35 mil pés acima do território ucraniano. Ao entrar em espaço aéreo ucraniano, no entanto, os pilotos do avião foram instruídos a voar a 23 mil pés pelo Controle de Tráfego Aéreo local, devido a outros tipos de tráfegos. A companhia Malaysia Airlines disse que os pilotos tinham de seguir o comando das autoridades locais”.
        O jornal da Malásia (Malaysia Daily Star - iii) confirma: “o controle do trafego da Ucrânia não permitiu a Malaysia Airlines voo MH17 voar 35 mil pés, disse o diretor de operações da companhia, capitão Izham Ismail. Ele disse que o MH17 planejava voar a 35 mil pés, mas de acordo com o controle de tráfego, houve outro trafégo naquele local, e o controle ordenou que o avião fosse para a altitude de 23 mil pés, o que estava na zona de ‘altitude restrito’.”.
        Então, uma investigação independente iria correr atrás dos pilotos, que por estarem (infelizmente e lamentavelmente) mortos, implica que as perguntas sejam endereçadas ao controle de trafego aéreo da Ucrania, Holanda e Malásia mediante 3 subperguntas: (a) onde está o plano de voo? (b) Onde estão as gravações do voo MH17 (caixa preta)? E (c) Onde estão as gravações da conversa entre o controle de trafego aéreo da Ucrânia com os pilotos?
         a) Onde estão os plano de voo? Ninguem falou a respeito. Não vi comentário na mídia corporativa. Se alguém souber, por-favor, complete nos comentários este artigo (desde logo agradeço);
         b) Onde estão as gravações do avião? A mídia aponta que a caixa preta foi encontrada e está na posse da Rússia. É bom lembrar que a apreensão dos registro de voo seria violar o direito internacional, uma vez que cabe a agência internacional investigar o incidente, até para servir de novas regras para aviação civil. No caso, a responsabilidade é da Organização da Aviação Civil Internacional, em parceria com aqueles interessados mais diretamente (Holanda, Malásia e Ucrânia). Assim, não entregar a caixa preta é “não jogar pelas regras”. E considero que nesse caso, a razão pode apontar para a necessidade (ou vontade) de esconder algo. A Rússia deve explicar.
        c) Onde estão as gravações da conversa entre o controle de trafego aéreo da Ucrânia com os pilotos? Essa resposta é a mais simples e sem a controvérsia (como quem achou a caixa preta): as gravações estão no Controle do Tráfego Aéreo da Ucrânia. Novamente uso as contradições da mídia corporativa. Diz a BBC: “o serviço de segurança da Ucrânia SBU confiscou as gravações de conversas entre os agentes de controle de trafego aéreo ucranianos e a tripulação do avião. Uma fonte de Kiev disse à agência de notícias Interfax”.
        Assim, para saber se o avião teve o plano de voo alterado, precisa-se do plano de voo (que a companhia ou a Holanda pode fornecer), as gravações da caixa preta e as gravações das conversas tripulação – controle. Existe uma polêmica sobre quem achou as caixas pretas. Todavia, não existe controvérsia sobre como obter e quem pode fornecer o plano de voo e a gravação dos diálogos tripulação – controle. Essas duas análises já poderiam jogar luz sobre o caso. Todavia... Transparência é uma reivindicação somente dos brasileiros? Quando os americanos afirmam sobre o lançamento de um míssil estão querendo esclarecer? Então, o que realmente o público sabe sobre a queda do avião? Não muito!
        (3) O avião foi derrubado por um míssil, em caso afirmativo, como isso poderia ter ocorrido?
        Pergunto isso, em primeiro lugar, porque a mídia corporativa não cogita (ou pensou) que o avião poderia ter sofrido um ataque terrorista? Por que aceitou pacificamente a tese americana? Com base em indícios (os indícios são as palavras da autoridade. Pasme! Autoridade agora, inclusive americana, tem fé pública!? Ninguém aprendeu com Harendt e a mentira da guerra do Vietnan de MacNamara? Ou o Colin Power na ONU e seu pedido de demissão?). Ou os ataques terroristas só servem, conveniente e oportunamente, em alguns casos?
        E mais uma pergunta: o avião não poderia ter sido abatido por um caça militar? Qual a certeza de ser um míssil?
        Bom, a partir de agora vou “adotar” a tese do míssil, já que a mídia corporativa convergiu para tal ideia, tornando-a a teoria do domínio do fato e, ao contrário do hiper-maior-supremo ministro quinzinho torniquete, haverá criminoso putativo?
        Assim, se o que atingiu foi um míssil, tal não resolve o mistério: Rússia, Ucrânia e Rebeldes têm mísseis em seus arsenais.
        Aí aqui eu vou me valer de meu tempo de menino velho do bucho amarelo que lia, nas bancas sem pagar, sobre o armamento soviético e americano, bem como, do comentário inocente de um militar na Bloomberg (v): os mísseis soviéticos, desde a época da URSS, recebem sinais do transponder do avião em 4 digitos, enquanto que as aeronaves militares não, necessariamente.
        (Nós sabemos algo sobre transponder, diante do famoso caso do avião da Gol e aeronave tipo jatinho particular pilotada por americanos).
        E mais, o site Bloomberg (v) afirmou, de modo sutil, citando Bruce MacDonald, ex-diretor-assistente de segurança nacional da casa branca, que agora é consultor que: “os aviões comerciais e militares operam em altitudes e velocidades diferentes, o que é captado pelo lançador de míssil.”.
        Ou seja, seja com base nos sinais do transponder ou com base na velocidade da aeronave e altitude, o operador e o aparelho lançador pode distinguir um avião militar (com altitude de 22 mil pés) e um avião comercial acima de 33 mil pés. Não retomo aqui o item anterior sobre plano de voo e desvio para 23 mil pés, em plena zona de guerra.
        A reportagem fazia menção ao site amador bem-visto, “aviationist” (vi), que afirmou de modo categórico: “os sistemas de defesa aérea da era soviética estão equipados com IFF (identificação amigo ou inimigo [o aludido transponder de 4 digítos]), sistemas que significam que eles são capazes de detectar se o sistema tem como alvo um avião civil através do seu código de transponder. Portanto, desde que os operadores são treinados o suficiente, eles são capazes de distinguir entre um avião militar e um grande avião de passageiros.
        Portanto, levo em consideração 3 concepções: (a) os operadores de míssil ucraniano não são africanos (tal como retratado no filme Capitão Philipe e tantos outros, em que os africanos são completamente alheios ao conhecimento e uso de aparelhos). Digo isso sem preconceito de raça ou de classe, pois afirmo como pressuposto de fato que a guerra na Ucrânia envolve soldados treinados e não guerreiros tribais, bem como, que o grau de conhecimento na Ucrânia é maior do que o dos africanos. Isso tudo não reflete preconceito, mas realidade posta. Por outras palavras: os rebeldes pró – Rússia não são soldados do tipo da Somália (na forma retratada pelo cinema americano), por isso mesmo com uma estrutura de comando organizada e não fluida e inorgânica.
        Então, a suspeita de que o tiro de míssil foi feito por engano é possível, mas improvável. Temos no mínimo 2 elementos que descartam a hipótese: a altura da aeronave é um discriminador suficiente, salvo se colocado lá pelo controle de tráfego aéreo propositadamente (tal como a nossa famosa frase brasileira de que jabuti não sobe em árvore...). Segundo, o sistema de identificação do IFF (transponder).
        Assim, a título de conclusão digo que tenho mais dúvidas do que certezas. Mas perguntas do que respostas. Ou seja, olhar para estruturas das questões postas são mais eficientes do que olhar para o que a mídia diz ou para as “evidências da web”.
        E se me perguntarem o porquê não usei nenhuma reportagem da mídia brasileira, respondo que ela é lixo e não serve sequer para reciclagem, bem como, o seu padrão é “a la Uchoa”, aquele “repórter de guerra” da Globo que usa as animações demonstrativas, power point, e notas do pentágono para explicar a “ação das forças aliadas” no Iraque...
        A questão toda é olhar uma notícia e submetê-la a crítica. Não ser passivo, mas atuante sobre o que sabe, como sabe e porque sabe.

Referência dos sites:
(i) BBC (vide 07:07), link: http://www.bbc.com/news/world-us-canada-28360784
(iv) BBB (vide 11:22; 15:29), link: http://www.bbc.com/news/world-us-canada-28360784
(v)  Bloomberg,  link: http://www.bloomberg.com/news/2014-07-17/missile-hit-malaysian-jet-in-ukraine-u-s-officials-say.html



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DOCUMENTÁRIO: A SERVIDÃO MODERNA

COMENTÁRIO AO FILME: PRIVATIZAÇÕES - A DISTOPIA DO CAPITAL, DE SILVIO TENDLER.

Resenha do Livro de José Saramago – Todos os Nomes.