UMA ESTRANHA MANEIRA DE PENSAR O MARXISMO - LENINISMO: O COPIA E COLA DAS REDES SOCIAIS, A ADESÃO OU O VÁ SE FERRAR!
RESUMO:
Frases
do marxismo-leninismo são repetidas à exaustão em alguns blogs, sites,
comunidades e fanpages como autoaplicáveis e verdades absolutas. Nada mais
contrário ao marxismo – leninismo do que considerar as interpretações e/ou ações
da história como leis eternas e imutáveis. O caráter de mero repetidor
de frases fica clarividente por causa da pobreza do debate que se segue, nos poucos
casos em que há algum debate. Aliás, qualquer comentário, no paradoxo de uma
“rede social que busca integrar pessoas”, descamba para ofensas ou que “você
não é bem vindo”. Então, o que resta é o monólogo e a miséria da adesão. O que
fica é um copia e cola do marxismo – leninismo; completamente ininteligível sem
contextualização.
Uma das principais críticas
ao marxismo-leninismo sustenta que se trata de um conjunto de ideias mortas,
prontas para remessa ao lixo histórico. Outras proclamam o marxismo-leninismo
como uma ortodoxia dogmática (com permissão do pleonasmo enfático), via tática
e método que estão a ser aplicadas mecanicamente, isto é, um decalque a ser
colado na realidade a partir de um conjunto de projetos. Alguns grupos, blogs,
fanpages, comunidades que visito e leio seus artigos dão embasamento àquelas
teses (01).
Entretanto, como eu
concebo o marxismo-leninismo, este é a antítese daquelas teses e do
comportamento de alguns nas redes sociais.
O próprio Lênin criticou
aqueles em no próprio partido adotaram esse limitadíssimo modo de pensar. Nas
“Cartas sobre Táticas” (2), dos escritos de abril de 1917 entre as revoluções
de fevereiro e outubro, foi dito:
“Propagandear o marxismo
revolucionário como doutrina abstrata, deduzida a partir de uma fórmula
lógico-imutável, como teoria da qual emerge uma gama de corolários universalmente
válidos para ascender à verdade a ser por todos finalmente admitida, significou
sempre para Lenin difundir metafísica entre as massas exploradas e oprimidas, ignorando que também o socialismo científico encontra-se exposto à dialética da mutação histórica, partindo não de princípios, mas sim de fatos objetivos que avançam segundo processos vivos da luta de classes e do mundo circundante”.
Aliás, Lênin
rotineiramente advertiu contra os perigos dessa silvestre teoria e esclerose
organizacional, fundada em fraseologia dogmática e slogans vazios. Na terceira "Carta
de Longe" (03), Lênin escreveu:
"Se queremos ser
marxistas e aprender com a experiência das revoluções do mundo inteiro, devemos
procurar compreender em que consiste exatamente o caráter sui-generis deste
momento de transição e que tática decorre de suas particularidades objetivas”.
O trabalho prático de
Lênin foi a constante avaliação e reavaliação da situação concreta. A avaliação
contínua da realidade objetiva que informa um conjunto, fluído, de estratégia e
táticas. Lênin teria sido o primeiro a alertar contra os perigos da
inflexibilidade de aplicação de métodos bolcheviques à época contemporânea.
É de igual importância
analisar os escritos de Lênin de acordo e a partir do contexto em que foram
formuladas. Como tantos pensadores revolucionários ao longo da história,
há uma tendência de grupos de arrancarem do contexto o pensamento e ação, e,
posteriormente, oferecerem como escritura sagrada. As ideias e ações de
Lênin, que considero como plenamente aplicáveis ou historicamente contingentes,
absolutamente não pretendem serem leis de ferro. Tal fica a cargo do
stalinismo, que merece outra análise em outro texto.
Frases do
marxismo-leninismo são repetidas à exaustão em alguns blogs, sites, comunidades
e fanpages como autoaplicáveis e verdades absolutas. Nada mais contrário ao
marxismo – leninismo do que considerar as interpretações da história e ações como
leis eternas e imutáveis. A ausência de compreensão
do contexto da época e da realidade atual fica patente porque não existe nenhum
tipo de comentário inteligível. O caráter de mero repetidor de frases fica
clarividente por causa da pobreza do debate e da ausência de substrato para uma
organização real, inclusive das próprias ideias. Qualquer comentário, no
paradoxo de uma “rede social que busca integrar pessoas”, descamba para ofensas
ou que “você não é bem vindo”. O que resta é o monólogo e a miséria da adesão.
O que fica é um copia e cola do marxismo – leninismo.
Em suma, para se
garantir um projeto que envolve compromisso e práticas de construção de um
partido disciplinado e revolucionário, que envolve a parte mais militante,
consciente e politicamente avançada seção da classe trabalhadora, deve se ter
em mente que não existe um modelo marxismo-leninista de mesmice da organização
revolucionária, que seja “bom” para todos os tempos e todos os lugares.
É esta a definição do marxismo-leninismo
que me anima.
Referência:
1.
Não
é oportuno citar esses blogs, grupos, fanpages etc. Pode-se citar alguns daqueles
que fazem a diferença: marxismo 21; convergência; história de luta de classe;
capitalismo em desencanto; resistir; rebelión; Brasil e desenvolvimento;
esquerda.net; entre outros.
2.
Vide
item III - Tática Revolucionária do Proletariado para a Tomada do Poder na
Rússia de 1917. Disponível em http://www.scientific-socialism.de/LeninRev.htm#_ftn30
.
3.
Vide
Carta de Longe - http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/03/20.htm.
Ou ainda: “Tal é a verdadeira situação política, que antes de tudo devemos esforçar-nos
por estabelecer com o máximo possível de precisão objectiva para basear a
táctica marxista sobre os únicos fundamentos sólidos em que ela deve basear-se,
sobre os fundamentos dos factos”. (Disponível: http://www.dorl.pcp.pt/images/classicos/cartasdelonge.pdf).
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