Terceirização
RESUMO: A
terceirização responde à necessidade do capital de manter a taxa de lucro
satisfatória e conter gastos com mão-de-obra. Tempos de lutas e de
necessárias mobilizações.
É engano
isolar a terceirização como uma mera escolha de modernização da gestão. Isso
porque a terceirização, diante da situação de estagnação econômica que o país
atravessa, não pode ser simplesmente “isolada” do contexto capitalista atual.
Há de se ter em mente sua ligação íntima com a crise de 2008, e que a propensão
das empresas em terceirizar está conectada a uma lógica de ação maior e bem
mais complexa – as acumulações flexíveis, sendo esta a resposta capitalista à
crise (como alternativa de sobrevivência do capital, em que mais uma vez na
história do capitalismo a classe trabalhadora é a mais prejudicada).
Essa
tendência da terceirização sugere, além da evidente eliminação de postos de
trabalho formal, um acirramento do fenômeno da “simplificação do trabalho”. De
fato, há um viés que possibilita a contínua precarização das formas de
trabalho. Ora pela dedução gradativa de posto de ocupação (que são
terceirizados), ora pela transferência crescente do saber do trabalhador para a
maquinaria (a automatização), ora, ainda, reflete uma alternativa de
mão-de-obra flexível para o capital, em que estes podem se precaver ante as
incertezas da “nova economia mundial”, gerando uma vulnerabilidade para o
trabalho.
De qualquer
modo, parece-nos que é chegada à hora de uma ampla discussão acerca de um novo
modelo de sociedade baseado em formas de autogestão e autonomia.
A questão está no fato de o trabalhador do chão da fábrica não ter poder de
decisão nas políticas e diretrizes das empresas; quando muito, é chamado a dar
sugestões, que podem ou não ser acatadas.
De fato, a
seguir-se, indefinitivamente, pelos os circuitos atuais de acumulação e da
dominação e exploração do capital, a própria sobrevivência social, ecológica e
ambiental do planeta parece ameaçada.
Neste dia
de ataque frontal aos direitos trabalhistas clássicos, fruto do que foi toda a
luta do século XX, em um só dia o governo ilegítimo e golpista, juntamente com
a Câmara dos Deputados e Senado, esvaziarão um século de luta. Talvez a maneira
mais eficaz de realização de tal debate seja uma embrionária unificação de
todas as frentes e trincheiras que se apresentam, hoje, enquanto possíveis
contrapontos à sociedade do capital. Neste eixo poderiam estar agrupados os
mais diversos segmentos da sociedade organizados: movimento sindical, partidos
de esquerda (ou que exista de minimamente merecedor do nome), movimentos
raciais, movimentos feministas, a economia solidária autêntica, os movimentos
dos sem terra, sem trabalho, sem moradia, enfim, todos os recantos que
encarnam, de alguma maneira, insatisfação com o que está posto pela ordem do
capital.
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