Carnaval 2018: a contestação ao golpe de 2016
Muito
palavreado de ódio e vazio contra a Escola Paraíso de Tuiuti por
aqueles em que a carapuça serviu (conseguindo esconder ou não o
dessabor de se verem desnudos como fantoches e inocentes úteis). Mas
a pergunta que esses não respondem (depois de acreditarem que
lutavam pela moral pública) é por que as ruas se calaram diante de
tanta arbitrariedade e injustiça conduzida a toque de caixa por
Temer à frente do governo federal.
O
Carnaval foi, em tempos idos, uma festa religiosa. Como revela sua
etimologia, era (e ainda é, em outro sentido) o "festival da
carne". No tríduo que antecede a Quaresma, os cristãos
fartavam-se de carne. Às vésperas da Quaresma, diante da
perspectiva de passar quarenta dias em abstinência de carne, os
cristãos nutriam-se de assados e frituras entre o domingo e a
"terça-feira gorda". Após a quarta-feira de cinzas,
passavam-se quarenta dias em abstinência.
Hoje
o carnaval é festa capturada pela indústria cultural do
entretenimento. Depois de transmutar-se em folguedo profano, a
indústria cultural vulgarizou-o. Transformou-se o carnaval em festa
da carne em outro sentido; e fez-se dos dias carnavalescos um período
extra de férias. Mas ainda representa festa em que se brinca
invertendo papéis pessoais e sociais. O rosto coberto com a máscara
do diabo ou do político, o homem vestido de mulher, o rico à rua em
farrapos, o pobre em trajes imperiais.
Em
2018, a Escola de Samba Paraíso de Tuiuti colocou nas ruas
“manifantoches”. A
Escola
de Samba Paraíso
do Tuiuti fez uma dura crítica social e política ao desfilar tendo
como enredo a escravidão.
Em
uma transmissão tensa e cheia de omissões e silêncios propositais
da Rede Globo, a emissora tentou diminuir o impacto da apresentação
da escola, mas não conseguiu esconder momentos como a ala crítica
aos manifestantes manipulados, que ficaram conhecidos como
"coxinhas", representados por fantoches com a camiseta da
CBF, em um pato amarelo e batendo panela, além de várias
referências à luta pelos direitos trabalhistas (CLT) e o ápice do
desfile: um vampiro com a faixa presidencial, que levou à plateia
aos gritos de "Fora Temer". Ao final, já no estúdio, a
emissora cortou o microfone do puxador conforme o canto ganhou força
ao vivo.
Viu-se
nas redes sociais muito
palavreado de ódio e vazio contra a Escola Paraíso de Tuiuti
por aqueles em que a carapuça serviu (conseguindo esconder ou não o
dessabor de se verem desnudos como fantoches e inocentes úteis). Mas
a pergunta que esses não respondem (depois de acreditarem que
lutavam pela moral pública) é por que as ruas se calaram diante de
tanta arbitrariedade e injustiça conduzida a toque de caixa por
Temer à frente do governo federal. Não se trata de defender o PT,
Lula e Dilma, mas de contestar os principais acontecimentos ao estado
de coisas que vivemos desde o impeachment da presidente Dilma (golpe
de 2016).
Não
se trata de defender o PT, Lula e Dilma, mas de contestar os
principais acontecimentos ao estado de coisas que vivemos desde o
impeachment da presidente Dilma (golpe de 2016).
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