O GENERAL DE PIJAMA REFORÇA A OLIGARQUIA E O AUTORITARISMO
Ao propor uma nova constituição elaborada “por notáveis” e “submetida, posteriormente, ao povo” como “saída da crise”, ele talvez queira repetir 1889. Lembrando: o povo assistiu, sem tomar parte, à proclamação da república. O que levou certo historiador a acentuar a passividade do povo em relação às mudanças proclamadas, “que assistiram a tudo bestializados.
A democracia, sob molde liberal, é um fenômeno político relativamente novo no Brasil, porque descontínuo na experiência política dos brasileiros. Em todo nosso período histórico, o Brasil teve (tem) sistema político oligárquico e autoritário. O general de pijama reforça essa característica como se isso fosse valor positivo.
Fora curtos períodos, predominaram no Brasil durante a maior parte do
século XX sistemas políticos semi-liberais que, por definição, não asseguravam
as liberdades fundamentais, a competição política, a participação popular ou os
direitos de cidadania. Ou seja, é preciso levar em conta que, em mais de um século de regime republicano, nós
brasileiros experimentamos as virtudes e vícios do regime democrático (liberal)
em apenas dois períodos de um pouco mais de duas décadas, ou seja, entre 1946 e
1964 e, mais recentemente, entre 1988 até o golpe judicial – parlamentar de
2016
Se
no mínimo o general de pijama adotasse a concepção liberal clássica dos iluministas, saberia que a função
estatal é assegurar a participação na competição pelo poder e nos mecanismos
pelos quais as decisões públicas são tomadas. Todavia, a visão de mundo do
Mourão de pijama é estruturada nas trevas.
E
ao propor uma nova constituição elaborada “por notáveis” e “submetida,
posteriormente, ao povo” como “saída da crise”, ele talvez queira repetir 1889.
Lembrando: o povo assistiu, sem tomar parte, à proclamação da república. O que
levou certo historiador a acentuar a passividade do povo em relação às mudanças
proclamadas, “que assistiram a tudo bestializados” (desculpe o palavrão ao general
com seu pijama, mas não se pode chamar o historiador José Murilo de Carvalho de
comunista e sequer simpatizante da esquerda).
Para
quem se interessar: Os Bestializados – O Rio de Janeiro e a República que não
foi (1987) e A formação das Almas – o imaginário da República no Brasil (1990),
José Murilo de Carvalho.
Vide reportagem: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/vice-de-bolsonaro-defende-nova-constituicao-sem-constituinte.shtml
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