SAÍMOS DAS ELEIÇÕES DE 2018 MAIS HUMANOS. NOS CONSTRUÍMOS MAIS LIBERTOS.
Aos filhos.
Perdemos as eleições?
Sim. Mas sabe o que agora penso que é importante? O encontro das pessoas que
encheram as ruas de alegria e coragem na defesa de valores humanos. Pessoas que
acreditam que resolução de problemas se faz em coletivo e compartilhamento, não
se faz por meio da brutalidade e da intolerância. Nós nos unimos buscando
formar a maioria e avançar em nossa democracia. E essa democracia que nos levou
para as ruas não é palavra vã e abstrata, mas a concreta que a maioria formada
decide respeitando as minorias e assegurando direitos e distribuição de renda.
E isso nos faz vencedores, porque temos a certeza de que fizemos o certo e
continuaremos.
Considerando que os
indivíduos só se subjetivam na história efetiva – porque encontramos nela as
condições, formas e modos de se construir como sujeitos, também é importante
termos, agora na derrota, a possibilidade de fazermos uma reflexão e de melhor
compreendermos as relações de poder e forças com suas formas e modos de atuação,
afinal não fomos covardes, nulos, ausentes, falsos, hipócritas, vendidos, ou
sequer nos afundamos no egoísmo, ou pregamos ódio; ou exaltamos a intolerância,
a burrice e a mentira. Sentimo-nos livres para ilustrar o seguinte: se lutamos
pelos valores humanos, fizemos isso porque, de fato, essa luta é importante
para cada um, para a subjetividade. O que temos é cada um de nós percorrendo os
caminhos da liberdade. Uma vez que a liberdade não é um fim em si mesma como
conceito abstrato, podemos ver a sua construção em meio a existência, às suas
lutas e resistências, considerando que existir é resistir, resistir é construir
e o constituído nesse processo, nesse caminho, é a liberdade.
Lembro de que li em
algum momento nos bancos das escolas, e busco aqui do fichamento sem a devida
referência anotada, de que a liberdade é a capacidade para darmos um sentido
novo ao que parecia fatalidade, transformando a situação de fato numa realidade
nova, criada por nossa ação. Essa força transformadora, que torna real o que
era somente possível e que se achava apenas latente como possibilidade, é o que
faz surgir uma obra de arte, uma obra de pensamento, uma ação heróica, um
movimento anti-racista, uma luta contra a discriminação sexual ou de classe
social, uma resistência à tirania e a vitória contra ela. Assim, a liberdade
não se encontra na ilusão do “posso tudo”, nem no conformismo do “nada posso”;
sequer dada pelo Estado e governante protofascista. Encontra-se na disposição
para interpretar e decifrar os vetores do campo presente como possibilidades
objetivas, isto é, como abertura de novas direções e novos sentidos a partir do
que está dado: saímos das eleições mais humanos e nos construímos mais libertos.
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